Asma

asma

Ainda esta semana a Sofia, arquitecta a meio dos 30, que acompanho na consulta há relativamente pouco tempo por Asma, me perguntava, em jeito de desafio...

"Doutor, agora que já estou bem, já posso parar as bombas, certo!? Não quero ficar dependente disto..!"

A verdade é que a questão da Sofia é, na vida real, a inquietação de muitos doentes que tenho o gosto de seguir.

Bem... a Asma é uma doença em que as vias aéreas estão obstruídas, a sua parede espessada e há maior produção de muco. Isto faz com que seja mais dificil respirar, podendo desencadear tosse, pieira, opressão torácica e falta de ar.

A Asma tem por base um processo inflamatório crónico, com maior ou menor intensidade e com características que variam de doente para doente e, no mesmo doente, ao longo do tempo.

Por isso, a abordagem terapêutica desta doença tem que ser, obrigatoriamente, personalizada e dinâmica! A mesma receita não funciona para todos, nem está adequada indefinidamente.

Como tal, seguimos uma estratégia terapêutica, em degraus de intensidade, que vamos subindo ou descendo em função do controlo dos sintomas.

É muito importante que estes ajustes terapêuticos sejam feitos de forma precisa, para que o tratamento não peque por excesso, nem por defeito!

Portanto se a Sofia "parar tudo" quando se sente bem, corre maior risco de um reaparecimento, por vezes intempestivo, dos sintomas - a crise!

Por outro lado, se tratarmos apenas nos períodos de crise, vamos permitir que a inflamação, mal controlada, provoque alterações irreversíveis das vias aéreas, levando a que a resposta aos inaladores seja cada vez menor.

Então, Sofia, na asma não se trata de uma situação de dependência dos inaladores, mas sim de uma necessidade de controlo da doença, para evitar complicações futuras!

Dr. Gustavo Reis
16 jul 2022